“Mais da metade das mulheres negras enfrenta violência pela primeira vez antes dos 25 anos!”
Mais da metade das mulheres negras que enfrentaram violência doméstica no Brasil passaram por sua primeira agressão antes dos 25 anos. Esse dado alarmante, apontado pela Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher Negra, revela como a brutalidade começa cedo e deixa marcas profundas. Realizada pelo DataSenado em parceria com a Nexus e o Observatório da Mulher contra a Violência, a pesquisa traça um retrato devastador: o grupo mais vulnerável à violência no país são mulheres negras.
Os números são estarrecedores. Entre as agressões relatadas, 87% foram psicológicas, 78% físicas, 33% patrimoniais e 25% sexuais. Além disso, nos últimos 12 anos, vítimas negras relataram episódios de gritaria (17%), insultos (16%), humilhações (16%) e até ameaças diretas (10%). A violência psicológica aparece como uma arma silenciosa, mas devastadora, enquanto os atos físicos e patrimoniais expõem ainda mais a gravidade do problema.
Os dados chocam ainda mais quando se observa o contexto geral: entre os 3.373 assassinatos de mulheres registrados em 2022, 67% das vítimas eram negras. E, entre os casos de violência sexual com registros de cor ou raça, impressionantes 62% das vítimas também eram pretas ou pardas.
Um ciclo difícil de romper
A pesquisa também destaca a batalha silenciosa dessas mulheres em busca de proteção. Apesar de 60% recorrerem à família, 45% à igreja e 41% a amigos, apenas 32% buscam apoio em delegacias comuns e 23% em Delegacias da Mulher. Ainda mais preocupante, somente 28% das mulheres negras agredidas solicitam medidas protetivas, e destas, quase metade (48%) relatam que os agressores ignoram essas ordens judiciais.
Para a analista Milene Tomoike, do Observatório da Mulher contra a Violência, os números são um grito de alerta sobre o ciclo de silêncio e falta de apoio que aprisiona muitas vítimas. “As redes de apoio como família e amigos são essenciais, mas é urgente fortalecer as políticas públicas e ampliar o acesso a serviços especializados, para garantir segurança e reconstrução às vítimas”, afirma.
Um problema que exige ação
A violência contra mulheres negras não é apenas um problema pessoal, mas uma questão social e estrutural que exige medidas concretas. Esses dados não podem ser ignorados, e a necessidade de políticas públicas efetivas nunca foi tão urgente. Enquanto muitas vítimas continuam silenciadas, a sociedade precisa abrir os olhos para enfrentar esse drama.
E você, o que pensa sobre essa realidade cruel? Como podemos virar esse jogo?